TaTU, 2022
Pintura-objeto | Múltiplo
formado por 3 peças: pintura e os objetos sagrados, alguidar e terço com figa de guiné; lona de algodão, madeira, barro, cerâmica, anil e betume, comentário sobre o diagrama da ancestralidade dos BaKongo: “Dikenga dia Kongo”; 50cm x 28 cm x 5 cm; Edição de 20 + 3 PA’s

O trabalho TATU é uma pintura-objeto editada como múltiplo. Minha referência para essa obra veio do diagrama Bantu Kongo, “Dikenga dia Kongo”, com seus princípios filosófico-culturais sobre o ciclo da ancestralidade, juntamente com minha vivência como artista numa comunidade de Terreiro de Umbanda. O múltiplo é formado por 3 peças sobrepostas, que reforçam a ideia contínua da presença dos ancestrais em toda trajetória do nosso ciclo de vida, seja na terra, seja no mundo próprio dos ancestrais. Por isso, temos o “Mundo de Mpemba” no plano espiritual e “Entes da Terra” no plano físico. A palavra que nomeia a obra está escrita no idioma kimbundu e significa três, sugerindo as possibilidades de pensarmos em 3 entidades, 3 ancestrais ou em 3 situações que possam co-existir.

Cada conta da guia ou terço foi feita de cerâmica e pintada de betume e anil
o alguidar foi pintado de anil e desenhado com betume
SÉRIE ANIL E CAFÉ, 2022
Pintura-instalação, pigmentos anil, café e água sobre lona de algodão; 70 cm x 50 cm. A série é formada por 40 pinturas

SÉRIE ANCESTRALIDADE E ATLÂNTICO, 2022
Pintura e cerâmica, tinta acrílica, pigmento e água sobre lona de algodão, cerâmica . A série é formada por 4 pinturas: Dikenga, Sankofa, Maracá e Serpente


“Dikenga” – Série Ancestralidade e Atlântico, 2022, pintura e cerâmica, 158 cm x 243cm, moringa de cerâmica, 30x20x20 cm.
“Sankofa”, – Série Ancestralidade e Atlântico, 2022, pintura e cerâmica, 158 cm x 243cm, ovo do pássaro, cerâmica, 30x20x20 cm

Dikenga, detalhe da pintura com a cerâmica

Sankofa, detalhe da pintura com cerâmica
SÉRIE Gira KALUNGA ATLâNTICA, 2022
Instalação, obras “Passagens Ancestrais 1” (pintura-objeto), “Passagens Ancestrais 2” (pintura-objeto), “Navega mironga” (objeto), 800 cm x 160 cm

“Navega Mironga”, 2022, objeto, dois objetos sobrepostos, um cachimbo de cerâmica, feito pela artista, apoiado sobre um barquinho azul de oferenda para Yemanja, 100 cm x 50cm x 30 cm
Os trabalhos compõe uma instalação de parede nas cores azul preto, marrom e verde. Tem como base o Cosmograma Bakongo. A partir de elementos do Brasil e do Kongo é trazida na obra a ideia do ciclo de ancestralidade Bantu. uma instalação que comenta o ciclo espiral, filosófico e cultural dos Bantu Kongo porque eles foram os primeiros povos da afro-diáspora a chegarem no Brasil e temos uma gama de influências significativas na nossa língua, nos conceitos familiares, que são tão importantes no nosso Terreiro hoje, e já subentendido e naturalizado em nossas famílias brasileiras.
cachimba, 2022
Exposição individual, junho e julho/2022, Museu da História e da Cultura Afro-brasileira-MUHCAB, Rio de Janeiro

Maria Conga | Luiza Mahin, detalhe da pintura




Série Histórias de liberdade e guias , 2021-2022
A série é apresentada como instalações, composta por 7 obras, 5 pinturas-instalações sonoras e 2 esculturas
PINTURAS: pigmento, acrílica, folha de ouro sobre tela, dimensão de cada pintura 140 x 86 cm,
OBJETOS: alguidar com ítens (dendê, vela, pemba, figa de guiné e café), banco de Pretos Velhos, fones de ouvido, compensado naval coberto por tecidos e esteira de taboa, placa de inox com identificação do/a Preto/a Velho/a , uma personalidade histórica do século 19 e o território onde viveu;
SONS: Pontos de Pretos Velhos cantados pela artista acompanhados por violão com o músico Ronald Valle, 2021, Ponto de Pai Cipriano (4 min) Ponto de Maria Conga (3min9seg), Ponto de Vovó Ana (1min5seg), Ponto de Maria do Rosário (1min56segmin) e Ponto de Pai Benedito (1min29seg)
ESCULTURAS: “Cachimba”, 2022, escultura, cerâmica e madeira, 86 cm x 100 cm x 300 cm; projeto executado na olaria Gereco Cerâmicas; “Rosário”, 2020, escultura, corda, plástico e madeira, 8cm x 10 metros x dimensões variáveis; pintura das contas realizada pelo artista Vinícius Pastor.





As Pinturas
A proposta leva o espectador ao universo dos Pretos Velhos — mergulhando na cultura de Terreiro — porém, ao se aproximar das pinturas, descobrirá que está diante de personalidades importantes da nossa História, percebendo a dualidade da imagem, misturando histórias do mundo de Aruanda com o mundo da Terra. As pinturas colocam os Pretos Velhos sagrados como co-autores da história da cultura afro-brasileira ao relacioná-los a personagens históricos que temos como resistência político-cultural hoje. Essas duas figurações juntas são um duplo, no qual estão sendo feitas retratos pintados em que Pretos Velhos e as personalidades se encontram na mesma pintura. Esse efeito foi pensando rejuvenescendo os Pretos Velhos para aproximar de uma vida encarnada como personalidade histórica e ao mesmo tempo trazendo símbolos sagrados que os retornam como Pretos Velhos.



As Instalações Sonoras
“Decidi propor nas cinco pinturas-instalações da exposição Cachimba, um duplo retratado, ou seja, a apresentação de um personagem histórico e de um Preto Velho no mesmo rosto e com cores específicas, sendo circundado por suas cosmologias históricas e sagradas na pintura e nos objetos que compõe a instalação, alguidar com oferenda, banquinhos de Pretos Velhos de Terreiro e cânticos oriundos dos Pontos sagrados das Giras arranjados na combinação de minha voz e um violão. É a minha experiência de incorporação que está sendo passada ao visitante através da música cantada e escolhida para cada obra. Por isso tudo, posso sentar no banquinho branco, colocar os fones de ouvido e olhar para a pintura e o objeto, dando início a uma possível conversa, a leitura de uma história que está inscrita na pintura. Vejo que ao redor do retratado tem um universo, que se localiza acima do topo de minha cabeça, acima de meu sagrado orí , onde temos acesso a incorporação. Aos meus pés, contemplo uma oferenda localizada no chão bem próxima do corpo da pintura. A entidade está corporificada. Porque uma estrutura retangular dá corporeidade aquele rosto pintado que vemos, é composta de elementos significantes e por dimensões que verticalizam a peça. A pintura é expandida ao painel retangular de madeira naval coberto por cores preto e branco de tecido e/ou esteira cor de palha. A pintura se completa no painel com cores que dialogam com as tintas. Mas não há só um jogo de cores há também importantes signos referenciais de Cultura de Terreiro.” (trecho do artigo “Roteiro de visita para encontrar ancestrais sagrados que cruzaram o Atlântico” escrito por Luanda)






As Esculturas
“…ressignificar histórias da nossa colonização com tantos elos perdidos em tantos aspectos ancestrais, culturais, sociais, políticos e econômicos. Apartar os Pretos Velhos da Arte, da História e da sociedade em geral, deixando-os apenas nos Terreiros, não é boa solução, o momento é de união de todas as partes da História e da Cultura afro-brasileira.” (trecho do artigo “Roteiro de visita para encontrar ancestrais sagrados que cruzaram o Atlântico” escrito por Luanda)

Rosário, 2020, escultura, plástico com tinta metálica, corda e madeira, 8cm x 100cm. fotografia Thales Leite





Série Máscaras Vivas Ancestralidade Afroindígena, 2020-2021
Foto-performance, a artista faz performances para a câmera com objetos, sementes e ervas, dimensão variável
Apresento diversas “máscaras” que estão vivas em meu inconsciente ancestral. Cada foto-performance mostra a tentativa de uma conversa, que foi interrompida durante a invasão e colonização do país. Decorrente dessa situação política, nasceu a miscigenação. Sendo oriunda dessa mistura racial, faço uso de alguns elementos simbólicos sobre meu rosto, trazendo alguns indícios da pluralidade da cultura indígena e africana. Assim, cada semente ou qualquer outro referencial das comunidades afro-brasileira, indígena, usado na ação, forma uma sub-série dentro da série Máscaras Vivas. As sub-séries são nomeadas de Gira.
GIRA Kapiá, 2021

Foto performance, ação com kapiá, pena, cabelo e esteira de taboa
Dimensão 109 x 61,28 cm

Foto performance, ação com kapiá, pena, cabelo e esteira de taboa
Dimensão 109 x 61,28 cm

Foto performance, ação com kapiá, pena, cabelo e esteira de taboa
Dimensão 109 x 61,28 cm

Foto performance, ação com kapiá, pena, cabelo e esteira de taboa
Dimensão 109 x 61,28 cm
GIRA rosários, 2020

Rosários I, 2020
Fotoperformance, ação com rosários diversos, esteira de taboa, auto-retrato, dimensão 70 x 50 cm

Rosários II, 2020
Fotoperformance, ação com rosários diversos, esteira de taboa, auto-retrato, dimensão 70 x 50 cm

Rosários III, 2020
Fotoperformance, ação com rosários diversos, esteira de taboa, auto-retrato, dimensão 70 x 50 cm

Rosários IV, 2020
Fotoperformance, ação com rosários diversos, esteira de taboa, auto-retrato, dimensão 70 x 50 cm

Rosários V, 2020
Fotoperformance, ação com rosários diversos, esteira de taboa, auto-retrato, dimensão 70 x 50 cm

Rosários VI, 2020
Fotoperformance, ação com rosários diversos, esteira de taboa, auto-retrato, dimensão 70 x 50 cm
Decolonizando com Ervas, 2020
Instalação e performance, dimensão instalação 300 x 250 cm, duração da performance 43 minutos
Exposição Perforcâmbio InCorporAção, live performance YouTube EPA Ateliê Terreiro e Embaixada da Performance Arte – EPA Apoio Encontro de Espaços Independentes de Arte – EEI Arte
A performance “Decolonizando com Ervas” foi realizada durante uma ativação de uma instalação, que foi realizada em meu estúdio, para transmissão ao vivo pela internet. Representa um banho de ervas, os arquétipos da entidade espiritual Pretos Velhos e objetos sagrados afro-brasileiros. O roteiro da performance é marcado por três gestos simbólicos: o manuseio das ervas, a entoação dos Cantos e o banho de ervas no final da ação. Durante a ação, apresento a linha tênue que existe entre a prática artística e o transe, que é enunciada pelos sete cantos rituais, com a intenção de criticar o colonialismo e a diáspora africana. A maior frente de resistência dos africanos no Brasil foi o cultivo clandestino de suas culturas durante a escravidão, principalmente o sagrado. As religiões de matriz africana vivenciam grande preconceito e racismo no Brasil. Apresentar essa ação, realizada entre a arte e o sagrado e exposta em conjunto com uma instalação construída com elementos rituais, é significativa por reverenciar essa matriz africana sagrada, fundamental para a contribuição dos traços africanos presentes na cultura brasileira. O banho com ervas aromáticas, fundamental para a performance, é um gesto recorrente na vida dos praticantes do sagrado de matriz afro-indígena. Aqui, nesta peça performática, a ação, a montagem e a encenação são inspiradas nesta prática, mas a presença e a beleza das ervas com seu componente fitoterápico é particularmente ampliada, pois é tomado em uma quantidade muito maior do que o necessário, considerando o banho de uma pessoa. Por isso, leva para o meio ambiente o aroma e o cuidado, presentes no preparo do banho de ervas. Com a mediação de um altar de Pretas e Pretos Velhos, as entidades da magia e da sabedoria foi representado sob a roupagem de escravidão. No sítio arqueológico da nossa história atlântica, eles são os protagonistas ancestrais da luta pela igualdade social. O movimento de trânsitos nos mares do sul e do norte, para negociar políticas de sobrevivência, parte deles. A vela acesa sobre a mesa, pretende levar amor e liberdade para as almas que viveram em regime de cárcere, opressão e marginalização. Nossa ancestralidade compreende povos afro-indígenas que Outros insistem em tornar invisíveis, dizimando corpos e culturas. Mas ao montar essa imagem, por meio da performance e da instalação em artes, criamos novos hologramas misturando imagens do hoje e do passado e, portanto, um novo significado pode se tornar possível.









PROCISSÃO DE PRETOS VELHOS:
DA AYMORÉ AO CRUZEIRO DAS ALMAS PRETAS, 2019
Exposição coletiva Plural, curadoria Daniela Name e Gabriela Davies, curadoria de performance Luana Aguiar, Galeria Aymoré, Rio de Janeiro, Brasil.
Performance com utilização da obra “Estandartes de Aruanda”, velas, figurino para apresentar Pretas e Pretos Velhos, realizada na área externa da galeria, duração 30 minutos.
É uma performance que propõe um diálogo entre arte, espiritualidade e história, trazendo uma reflexão sobre a diáspora africana e seu desdobramento nos dias atuais nas vidas de pessoas negras e excluídas. Com a ideia de procissão como um ato performático no qual a artista Luanda reúne um grupo de pessoas para caminharem juntas, lado a lado, com o mesmo propósito – trazer à memória a diáspora e a luta pela liberdade – no período colonial e que consequências temos disso nos dias atuais. Enquanto todos caminham juntos, a artista vai cantando Pontos da Umbanda que narram uma trajetória vivida por muitos, como a travessia do Atlântico, o trabalho, a liberdade e a transformação de algumas pessoas escravizadas na Entidade Pretos Velhos. A performance termina com o cântico de um Ponto que cita o cruzeiro das almas, e convida todas as pessoas a colocarem as velas ali. No final da performance, transmutamos nossa memória escravocrata e voltamos libertos das amarras enraizadas em nossos pensamentos, decolonizamos. Durante o percurso, a artista está vestida com um figurino de Preta e Preto Velhos. O figurino revela alguns símbolos essenciais relacionados a Entidade. Para sinalizar a presença de ambos, ela vai alternando lenço branco, usado pelas Pretas Velhas, e chápeu de palha, usado pelos Pretos Velhos, durante o percurso.
Os Pretos Velhos representam o amor e a liberdade. É a alma de um escravizado que ascendeu e se tornou uma Entidade Religiosa da Umbanda. O trabalho dessa Entidade junto ao Orixá Omolu / Obaluaê é a regência do Cruzeiro das Almas. É um portal de passagem entre o mundo físico e o mundo espiritual. Ao citar os Pretos Velhos nessa performance em forma de Procissão, mostra que é preciso haver mais amor entre as pessoas para mudar a visão que temos de nós, sem discriminação étnico-racial, pois com amor poderemos ter um pensamento livre e um mundo mais libertário.











GESTOS DE Maria Conga, Série Gestos, 2019
Vídeo performande, duração 1 min, 2019
manipulação de sementes kapiá banhada em ervas e rosário de kapiá sob a luz de velas
A performance foi realizada por Luanda para evidenciar gestos identitários do guia afro-brasileiro Pretos Velhos. Gestos que, muitas vezes, nós não observamos com a devida atenção. São gestos que enunciam o amor, o perdão, a cura, a beleza desse ancestral sagrado. Por isso, toda a performance é gravada num enquadramento próximo a ação. O vídeo mostra a manipulação de um dos objetos simbólicos que representam as Pretas e os Pretos Velhos: o rosário. A herança simbólica das culturas de matriz africana no Brasil, tão importante na nossa formação cultural brasileira, remetem ao processo de sincretismo, que desde o princípio, trouxe um traço de opressão e resistência.

Video Performance, 1′ 13″
Coleção Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MACRS
Gira diárias – série mesa de griot (2019 – 2021)
fotografia, registro, à luz de vela das atividades ocorridas na “Mesa de Griot”, dimensão 100 x 150 cm,
A série tem 491 fotografias
“Série Mesa de Griot – tríptico”, 60 x 40cm, são da Coleção Quarantine (55SP) Acervo SESC SP
Fotografias dos rastros “da cena” ocorrida no tampo da mesa da artista intitulada “Mesa de Griot”. Conforme as práticas diárias vão acontecendo no ateliê, vão construindo a narrativa da série. Muitos acontecimentos se misturam à produção artística, os desenhos, os textos, as velas acesas formam a composição que é fotografada. Nas imagens fotográficas, a presença do tom avermelhado escuro das fotografias apresenta a relação da cultura de terreiro e da arte contemporânea. São feitos enquadramentos em close de fragmentos da “Mesa” junto ao calor da luz da vela.
ATLAS, SÉRIE MAR NEGRO, 2016
Foto-instalação, fotografias do mar, retratos de ex escravizados e luz de Led sobre mdf cru, dimensão 600 cm x 200 cm x 15 mm
Dentro da Série Mar Negro, reuni diversos trabalhos que relacionam mar e escravização. Entre os trabalhos dessa série, estão o Atlas Atlântico, o Atlas Encruzilhada e o Atlas Quilombo. Os atlas foram construídos como instalações fotográficos e escultóricas, mostrando o problema colonial por via das águas do mar, dos rios e da chuva, ou seja, todas essas manifestações da natureza também associadas às Yabas, tais como, Yemanja para o mar, Oxum para os rios e Nanã para a chuva. No primeiro atlas, eu falo do momento da travessia do mar, salientando o desencarne dos corpos, no segundo falo dos cruzamentos/ embates que tiveram na escravidão e no terceiro a possibilidade de liberdade na estratégia de fuga para as organizações quilombolas. Cada cena histórica dessas se passa em um lugar energético da natureza, por isso essas associações às orixás femininas.

foto – Instalação, 500 fotografias do mar (10 x15 cm), 600 lâmpadas de led, 13 fotografias de arquivo de negros escravizados do Acervo Fotográfico do Museu Hipólito José da Costa, Acervo Fotográfico e Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, Fototeca Sioma Breitman. Fotos adesivados sobre estrutura arquitetônica em MDF cru – 600 x 220 x 0,15 cm

A RODA É A ÁFRICA, série Mar Negro, 2016
Objeto musical, roda em madeira com mapas de África e países Brasil, Portugal, França e Inglaterra em MDF cru, motor, sensor de presença, player MP3 com som de Ponto de Preto Velho “Minha cachimba tem mironga, Minha cachimba tem dendê“, dimensão 60cm x 60 cm x 15cm

Fundo do Mar, Série Kalunga, 2018
Pintura, pigmento mineral e água sobre lona de algodão preparada com gesso acrílico, dimensão de cada tela 274 x 140 cm. A série é formada por 7 pinturas.
O mar apresentado nessas pinturas é o “Atlântico Negro”, onde morreram milhões de pessoas negras, por isso a série é intitulada de “Kalunga”. A palavra é de origem bantu, grande tronco linguístico étnico africano no qual derivam muitos povos. Muitas pessoas aprisionadas em países de África, que vieram para o Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, eram bantus do Kongo e Angola. “Kalunga”, entre vários significados, diz que o mar é um grande cemitério, é a kalunga grande, porque kalunga é também o lugar de passagem, por onde as pessoas podem entrar em contato com a força de seus antepassados. Por isso, ela é a linha divisória do mundo dos vivos e do mundo dos mortos na cosmologia bantu.
Assim, a série Kalunga é a pintura das águas salgadas e dos ancestrais que desencarnaram no Atlântico. Pigmentos regados pela água do mar, corpos que se diluíam e se misturavam no fundo do mar pintado. Esse fundo do mar almejava apresentar uma ancestralidade de matriz africana. Não só os corpos desencarnados durante a escravização, mas o que estava além dessa sobrevida que eu tentava apresentar. Tentava ver o corpo que não estava mais no mar, sabendo que esteve um dia, por isso a tela do fundo do mar, com as diversas camadas de água, de pigmentos azuis, verdes, ocres, lilás e roxo vão se sobrepondo no quadro, pinturas que apresentam um rastro desse acontecimento afro-diaspórico, e como uma oferenda, vou depositando as cores e águas sobre a lona e misturando esses diversos ingredientes de intenção sagrada.



SÉRIE Espiritual, 2019
Pintura, pigmento mineral e água doce sobre lona de algodão cru, 140 x 180 cm
Espiritual I, Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MAC RS, Porto Alegre/RS, Brasil Espiritual II, Coleção privada, São Paulo/SP, Brasil
A série Espiritual, com manchas de cores quentes, vermelhas, alaranjadas, com amarelo ouro e dourado, é um trabalho que tenta apresentar as energias da ancestralidade no contato com o corpo humano em transe, ou seja, tentando mostrar em cores, tudo o que a artista sentia ao incorporar. Ao mesmo tempo que essas pinturas ocorriam no ateliê, eu estava num aprendizado de comunidade de terreiro, aprendendo sobre o equilíbrio dos chakras, o desenvolvimento do transe e o convívio com diversas práticas ancestrais. Um momento interessante para a artista, como uma profusão de acontecimentos e novas vivências de sabedorias de terreiro que estão presentes nas pinturas.

Espiritual II, Espiritual III, exposição “Liberdade 4 Atos”, Galeria Mamute, 2019-2020



A vida É UMA ESPIRAL E Gira, 2020
Díptico, duas aquarelas sobre papel algodão e áudio “Terreiro Atlântico”,
dimensão da aquarela 30 cm x 42 cm, duração do áudio 1min 30 segundos
O trabalho foi realizado pela artista com um conjunto de palavras-chaves do seu repertório de terreiro, contra-colonial e afro-diaspórico que se manifestam na forma de um oceano a girar a vida em espiral. Esse momento de reverberação de ideias ecoam no áudio como vozes que vem do Atlântico sul. O som funciona como uma leitura de desenho. Potencializa a visualização de uma imagem que vincula o calor do transe mediúnico na Gira de Terreiro ao mar em tempo de contar outras histórias de vidas racializadas.

Terreiro atlÂntico
PULMÃO OU RESPIRAR COM ALEGORIA, 2020
Desenho e instalação, grafite sobre papel, dimensão de cada desenho 21 x 30 cm, dimensão da instalação variável
A série é formada por 13 desenhos e 2 poesias, totalizando 15 trabalhos para serem exibidos juntos numa instalação. Todo trabalho foi feito com grafite sobre papel canson branco com 200 de gramatura. Na montagem do trabalho, os desenhos são distribuídos na parede como um diário. A série faz um reflexão sobre a respiração e a cultura afro-brasileira, são trocas estabelecidas pela artista, que evidenciando o órgão humano principal do trato respiratório – o pulmão – faz, a partir da lógica do hábito constante do ciclo respiratório, na expansão da caixa torácica, inspiração e expiração do ar, se transforma num lugar de trocas de partículas para uma alegoria de trocas de afetos e tristezas. O trabalho foi realizado durante a pandemia do vírus covid19.

Desenho – Instalação, 21 x 29 cm

Desenho – Instalação, 21 x 29 cm

Desenho – Instalação, 21 x 29 cm

Desenho – Instalação, 21 x 29 cm
Liberdade: 4 Atos, 2019
Exposição individual, projeto Bay Window, Galeria Mamute, Porto Alegre, Brasil
A apresentação foi organizada pela artista da seguinte forma, 1o Ato, pinturas da série Espiritual, 2o Ato, instalação Natividade de Oxalá, 3o Ato, vídeo performance Maria Conga, 4o Ato, objetos Estandarte de Aruanda junto a realização da performance “Procissão de Pretos Velhos – da Mamute à Igreja do Rosário” do lado externo da Galeria. Cada obra é apresentada como um ato político que mostra a intenção da artista em valorizar a cultura afro-brasiliera proveniente dos Terreiros.
fotografias da artista Vilma Sonaglio

Vista geral da exposição individual, Galeria Mamute, Porto Alegre, 2019
Na foto, da esquerda para a direita, pinturas Série Espiritual, instalação Natividade de Oxalá e objetos Estandarte de Aruanda











CURA DE OXUM, 2017
Performance, a artista, vestida de branco, espalha e derrama sal bruto nas margens de um rio na Romênia, duração 1 hora
Performance realizada no In Context Residency Programme, Slanic Moldova, Romênia.
Equipe: Idealização e performer: Luanda | Produção executiva: Alina Teodorescu | Fotografia: Ovidio Ungureanu | Video: Dan Ciobanu | Figurino: Loredana Ciangau | Transporte: Moraru Benone | Apoio: Association of Art In Context, Chromatique, Atelie Couture e Prefeitura Slanic Moldova, Romania
Foi derramada meia tonelada de sal bruto espalhado entre as duas margens do rio, de joelhos sobre esse monte de sal, a artista vai empurrando e enterrando o sal na água, lentamente, como quem massageia um corpo e o liberta do excesso de sal. Para a artista o sal representa a escravidão, desde que soube que os escravizados, depois dos castigos das chibatadas eram enrolados em esteiras cobertas de sal para curar os cortes e serem castigados novamente. Por isso a performance tem um figurino próprio. O vestido branco usado pela artista funciona como uma sinalização da cultura local que é de origem eslava. As origens da palavra escravo vem da palavra inglesa slave que por sua vez vem de eslavo, intercambiando essas origens da escravidão num trabalho que é filmado na Romênia, mas se referindo a uma cultura afro-brasileira. Em nome da Orixá Oxum, entidade religiosa que rege as águas doces, o ato sugerido pelo título da obra de uma “cura da escravidão” pelo derramamento do sal na água é feito pela artista também com a intenção de recalcar essa memória. Essas ideias e formas estão inscritas na imagem filmada, exibindo a natureza, o sagrado e a cultura.


Mar Negro, 2017
Exposição individual, Paço dos Açorianos, Centro Histórico de Porto Alegre/RS, Brasil
indicada ao Prêmio Açorianos 2018, Porto Alegre/RS
Idealizado por Luanda, a exposição ofereceu ao público a relação entre o mar e a escravidão, com a instalação “Yemanja encontra os Pretos Velhos”, duas vídeo-instalações, “Mares” e “Batistmo”, a foto instalação “Atlas Atlântico” e o objeto musical “A Roda é a África”. Para ampliação das reflexões propostas nas obras da mostra, Luanda convidou 4 artistas, Claudia Paim, Andressa Catergiani, Marion Velasco e Antônio Bueno para realizar eventos paralelos durante os dois meses de exposição. Na abertura, convidou Mãe Angélica para cantar um Ponto para Yemanjá, e, no encerramento, convidou o historiador Pedro Ferreira Vargas para fazer uma visita guiada em seu projeto Museu do Percurso do Negro. A mostra contou ainda com um bate-papo entre a artista e a curadora Niura Ribeiro.

Paço Municipal de Porto Alegre, galerias do Porão do Paço


rede de pesca, arte naval com corda de marinheiro, objetos sagrados de Pretos Velhos e Yemanja
300 x 300 x 5 cm

instalação: um banquinho branco de Pretos Velhos usado em terreiro, vaso com rosa branca, pires e vela acesa, um
copo de água. Realizada na exposição individual Mar Negro, Paço Municipal, Porto Alegre. O altar foi mantido durante os 2 meses de exposição, sendo recolocada a vela e a água.

vídeo-instalação: vídeo e 2 banquinhos brancos de Pretos Velhos usado em terreiro.

Pintura, Pigmento e água sobre lona de algodão
300 x 150 cm

600 x 220 x 0,15 cm

Nomes de filhos de escravizados do livro de batismo de Irajá-RJ (1704-1707), em que foram resgistrados como escravizados ao nascer. Livro do acervo Manuscritos da
Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
Durante os Conflitos Políticos, 2017
Performance, a artista realiza um ritual para os ancestrais sobre a lona de algodão cru, com tinta acrílica, água do mar, sal bruto e velas. Duração 1 hora.
Exposição coletiva Políticas Incendiárias, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica – CMAHO, Rio de Janeiro, Brasil
Na performance, a artista sugere que um corpo mestiço morreu num conflito, pois vemos a artista deitada sobre a tela, sendo desenhada por uma pessoa voluntária. Esse “corpo-alma”, levanta para fazer seu próprio ritual. Vestida de branco, ao som de atabaques, rememora curas afro-brasileiras e indígenas, ritualizando a partir de seu próprio corpo desenhado simbolicamente à beira mar para apresentar os ancestrais que morreram no mar. Um rastro azul surge quase ao final da performance como índice da presença do mar, a cor é diluída pela água do mar. O calor e cor das velas acesas suscitam almas da ancestralidade e remete ao calor do espiritual.

SoprO, 2016
vídeo performance, a artista manipula sal e areia, duração 10 minutos
Como um ritual para libertar escravizados, a artista, deitada na beira da praia, performa para abrir espaço no solo, com a força do sopro de uma presença feminina, empurra e/ou varre o sal da areia, ao som do vento e das águas do mar. Para a artista, o sal apresenta os castigos dados aos escravizados e a areia apresenta a pele deles. Assim a ação experimenta despertar memórias de um passado latente (escravagista) da história Atlântica.


GIRA patuá – sÉrie terreiro, 2018
fotografia, patuás realizados com ervas, flores e guia sobre fundo branco, dimensão 70 x 100 cm
O trabalho foi realizado durante a iniciação da artista no Terreiro de Umbanda em 2017. Os Guias afro-brasileiros manipulavam ervas, flores e rosário sobre as mãos da artista, durante a cerimônia sagrada, formando objetos orgânicos. A artista guardava e trazia para sua casa-ateliê para fotografar nomeandos-os de patuá.


Gira banda – série terreiro, 2018
objeto
patuá e ponto riscado sobre ponto bordado em pano de algodão, sementes de kapiá com ervas, rosa branca e búzios, dimensão 30 cm x 40 cm

O Amor Nascerá, 2018
instalação sonora, dimensões variáveis para exposição coletiva “Manjar: Amar em Liberdade” do Solar dos Abacaxis, Rio de Janeiro, Brasil
instalação sonora, seis esteiras de taboa, bancos de Preto Velho; “Gira Banda” (patuá com ponto riscado sobre ponto bordado); áudio da Carta de Amor” do Preto Velhos Pai Cipriano psicografado pela artista, caixas de som, mp3 player

instalação “O Amor Nascerá” no Solar dos Abacaxis, dezembro 2018. (fotografia divulgação Solar dos Abacaxis)

Série Cordas e Mares, 2015 – 2016
fotografias, vídeos, instalações, projetos, giras formam a série, dimensões variáveis
Os trabalhos desta série trazem a relação “mar e escravização” a partir de navegações realizadas pela artista no mar da Baía de Guanabara durante o programa de Residência Artística no Despina, Rio de Janeiro.

Ação, fotografia, série Cordas e Mares





Vocabulário afrodiaspórico – série cordas e mares
fotografia, palavras, oriundas da diáspora africana, escritas sobre o mar, dimensão de cada fotografia 30 x 40 cm






Limite – Série cordas e mares
Ambientes – SÉrie sinal vermelho, 2015
vídeo, combinação de diversas telas de fotografias, vídeos e pinturas para falar do excesso de poluição na Baía de Guanabara, duração 30 minutos
Ambientes é composto por diversas imagens da poluição do meio ambiente e a morte da natureza na Baía de Guanabara especificamente na Praia de Botafogo. Um falso panorama em preto e branco é construído pela artista, adicionando os pontos de vista das Praia de Botafogo e Praia do Flamengo que alude ao cartão postal amplamente utilizado pelo turismo carioca e brasileiro. O falso Panorama é uma imagem estática em preto e branco que está presente em todo video. Há outros momentos panorâmicos que dão a noção de espaço da paisagem. As demais imagens dialogam com ele, falando sobre meio-ambiente, sobre a morte, sobre o lixo e a Natureza-Morta da História da Arte. A trilha sonora auxilia na construção desse espaço degradado da natureza. Temos 500 fotografias, 7 vídeos e 11 pinturas que compõe todo o vídeo.
frames do vídeo Ambientes